domingo, 12 de janeiro de 2014

Psicomotricidade e Transtornos do Desenvolvimento




 

Apresentei o texto a seguir, originalmente, na forma de slides, que agora disponibilizo aos interessados para utilizar da maneira que acharem mais produtiva. Foram elaborados com vistas à promoção da compreensão e da valorização do papel do educador físico no processo educacional, enquanto profissional capaz de contribuir com a formação integral do educando. Em seguida, disponibilizo meu endereço para contato, caso aja interesse em conhecer outras capacitações que realizei, voltadas para o mesmo assunto ou outros temas de interesse para educadores em geral.

 

Para compreendermos a importância que a psicomotricidade assume na formação do educando é importante considerar o que Gardner (1994, p.161) afirma, ao abordar o assunto da inteligência corporal cinestésica:

 

“Característica desta inteligência é a capacidade de usar o próprio corpo de maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos assim como voltados a objetivos (...) Igualmente característica é a capacidade de trabalhar habilmente com objetos, tanto os que envolvem movimentos motores finos dos dedos e mãos quanto os que exploram movimentos motores grosseiros do corpo”.

 

As habilidades para o uso deste tipo de inteligência poderão ser tão desenvolvidos que, como lembra, no caso dos mímicos, poderão fazer uso do corpo para expressar até mesmo conceitos abstratos, como “liberdade ou escravidão, bem ou mal, feiúra ou beleza” (idem). O controle do próprio corpo e o uso de objetos com habilidade são dois componentes deste tipo de inteligência.

 

Muitas culturas não fazem a divisão entre corpo/mente, como a que ocorre nos países ocidentais. Lembra ainda que os estudos mais recentes têm relacionado o uso do corpo ao desenvolvimento das capacidades cognitivas do indivíduo. Um esportista, um motorista dirigindo seu automóvel, um cirurgião utilizando suas ferramentas, são casos em que se percebe que corpo e mente estão integrados na busca do objetivo pretendido.

 

Com a prática, a intenção vai sendo transformada em ação de modo cada vez mais hábil. Agarrar com precisão um objeto pequeno utilizando polegar e dedos opostos é algo restrito à espécie humana. Um pianista pode demonstrar habilidade refinada, inclusive pela dissociação dos movimentos das mãos.

 

Uma exemplo de como podemos perceber a integração entre corpo e mente pode ser oferecido pelo autor, ao afirmar que:

 

“Os mecanismos de feedback são altamente articulados, de modo que os movimentos motores estão sujeitados a contínuo refinamento e regulação com base numa comparação do estado da meta pretendida e a posição real dos membros ou partes do corpo num momento específico no tempo”.

 

De acordo com a definição de apraxias, afirma que estas são:

 

“... um conjunto de transtornos relacionados, nos quais um indivíduo fisicamente capaz de desempenhar um conjunto de sequências motoras e cognitivamente capaz de entender um pedido e fazer isto, não obstante é incapaz de realizá-la na ordem adequada ou de uma maneira adequada”.

 

Essas desordens podem ocorrer de modo muito específico, como ter incapacidade de vestir-se, ou ser mais geral. Podem ser divididas em:

 

Apraxia membro-cinética: quando a pessoa não consegue desempenhar um comando com as duas mãos.

 

Apraxia ideomotora: dificuldade de fazer de conta que usa um objeto de modo adequado. Frequentemente se destaca dos demais pela impossibilidade de realizar os movimentos pedidos. Exemplo disso ocorre quando se pede a uma pessoa acometida desse tipo de apraxia que imite o movimento de serrar. A mão poderá assumir o gesto inadequado para imitar o segurar do serrote, por exemplo.

 

Apraxia ideacional: nesse caso, a dificuldade ocorre em passar de um movimento para outro, constituindo uma sequência correta.

 

•Algumas culturas promovem atividades em que são valorizadas as dissociações dos músculos, adquirindo grande domínio nesse sentido, que uma pessoa não treinada não será capaz de realizar.

 

•O fato de que mesmo indivíduos acometidos de perda da memória possam desempenhar sequências corporais de modo adequado, leva a crer, segundo o autor, que as apraxias não constituem desordens da compreensão, evidenciando o fato de que as capacidades cinestésico-corporais constituem mesmo uma inteligência.

 

•Tais aspectos levam a considerações sobre a prática escolar do educador físico: a atividade proposta não é somente motora, mas ideomotora, atuando sobre a coordenação dos movimentos grossos e finos e auxiliando na construção de uma imagem pessoal mais positiva de si mesmo.

 

Por fim, Gardner afirma que o corpo é habitado por um eu individual, construído a partir das observações pessoais das próprias habilidades. Por isso, identificar os pontos fortes da criança é fundamental para a promoção de seu desenvolvimento integral.

 


Há ainda outros exemplos de transtornos psicomotores. Entre eles, estão:

Torpor motriz: incluem-se nesse caso:

 

torpor dos movimentos voluntários: ocorre, entre outros, com o caminhar desarmônico.

Sincinesias: ao tentar realizar um movimento, aciona uma parte do corpo que não seria necessária ao mesmo, como quando movimenta ambas as mãos ao ser pedido que o fizesse apenas com uma.


Paratonia: corresponde à dificuldade de relaxar espontaneamente. É frequentemente acompanhada de dificuldades de comunicação, pela incapacidade de fazer uso adequado da motricidade como meio de comunicação, atraso no desenvolvimento motor, manifesto na forma de lentidão.

 

Transtornos de Lateralidade:


São percebidos nos casos de:

 

•crianças ambidestras;

•canhotos contrariados;


lateralidade cruzada.

 


Em geral, aos sete anos de idade a criança já pode reconhecer as noções de esquerda e direita tendo como referência o outro. Dificuldades na lateralidade podem ocasionar confusões na escrita, em que letras de formas semelhantes são confundidas pela criança. Exemplos: p, q, b, d, etc.

 

Inibição Psicomotora


A atividade motora constitui um modo pelo qual a criança conhece o meio e a si mesma. Por isso, é motivo de preocupação crianças que sejam muito inibidas.

 

Instabilidade Psicomotora ou Síndrome Hipercinética


Ocorrem com crianças que demonstram muita necessidade de movimentação. Isso pode ocasionar dificuldades com relação à atenção e ao sono.

 


Assim, podemos concluir que o educador físico pode contribuir de modo valioso para o desenvolvimento dos alunos, estando atento para os seguintes aspectos:

 


A) Reconhecendo os pontos fortes e aqueles em que o educando necessita de intervenção.

 


B) Programando as atividades de maneira que a criança possa encontrar a possibilidade de avançar nos pontos em que seu desenvolvimento está abaixo do esperado.

 


C) Possibilitar, por meio de atividades programadas, que a criança tenha a oportunidade de desenvolver atividades em que possa alcançar sucesso. Isso contribui para fortalecer o seu ego.

D)Estabelecer parcerias e constantes diálogos com todos os atores envolvidos no desenvolvimento do educando, pois quanto mais articulado o trabalho, melhor o resultado.

 

Mensagem Final

 

Educador físico, seu atuar poderá contribuir de modo fundamental para alcançarmos a educação que fará a diferença na vida de nossos alunos: aquela que nós, educadores, educandos e toda a sociedade necessita. 

 

 

Bibliografia

•ARNAIZ SÁNCHEZ, Pilar. A psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre: Artmed, 2003.

•GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artmed: 1994.


MORAES, Alberto P. Q. de. O livro do cérebro, v.2. São Paulo (SP): Duetto, 2009.  

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