quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O Atendimento das Necessidades Pedagógicas Individuais e a Aprendizagem Significativa

A necessidade de adequar os conteúdos pedagógicos ao nível de desenvolvimento do educando constitui-se em uma necessidade sem a qual não é possível ocorrer desenvolvimento significativo. Nada está mais distante da função escolar do que a oferta de um conteúdo igual para todos os alunos. Aqueles que não são atendidos nesse sentido poderão desenvolver até mesmo aversão aos bancos escolares, uma vez que o conteúdo proposto, distante das possibilidades existentes em determinado momento, reforçarão o sentimento de incapacidade e não o de competência do aluno. Qualquer educador experiente poderá confirmar que alguns alunos parecem “travar” após um período de insistência na tentativa de aprender um conteúdo demasiadamente complexo para o seu momento do desenvolvimento. E a experiência clínica em Psicopedagogia comprova essa situação. Quantas vezes já ouvimos de alunos nessas condições: “Sou burro”, “não aprendo”, “a minha cabeça não guarda” e outras expressões que refletem o grau de desmotivação e o sentimento de não conseguir avançar além do ponto ao qual chegaram.
Aprendizagem significativa constitui um assunto tão relevante para o desenvolvimento individual que vem sendo retomado por vários autores desde que foi originalmente apresentado pelos pesquisadores Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 34) que afirmam sobre esse  conceito:

A essência do processo de aprendizagem significativa é que as ideias expressas simbolicamente são relacionadas às informações previamente adquiridas pelo aluno através de uma relação não arbitrária e substantiva (não literal). Uma relação não arbitrária e substantiva significa que as ideias são relacionadas a algum aspecto relevante existente na estrutura cognitiva do aluno, como, por exemplo, uma imagem, um símbolo, um conceito ou uma proposição. A aprendizagem significativa pressupõe que o aluno manifeste uma disposição para a aprendizagem significativa – ou seja, uma disposição para relacionar, de forma não arbitrária e substantiva, o novo material a sua estrutura cognitiva – e que o material aprendido seja potencialmente significativo - principalmente incorporável a sua estrutura de conhecimento através de uma relação não arbitrária e não literal (...)

A respeito do mesmo conceito, Budel & Meier (2012, p. 147), ao abordarem sobre os diversos tipos de mediação, mencionam o conceito de “mediação do significado”, afirmando que:

um conceito é significativo quando se interliga a outros já aprendidos pelo sujeito” (Ausubel; Novak; Hanesian, 1980). Por exemplo, ao ouvirmos uma palavra conhecida somos capazes de realizar várias lembranças, o que não ocorre quando a palavra é desconhecida. ““Enriquecer” o significado de um conceito é ampliar suas possibilidades de uso ou relacioná-lo ao maior número possível de outros conceitos.

Antunes (2001) discorre sobre o mesmo assunto, afirmando:

Assim, um novo saber transmitido pelo professor somente ganha significação para o aluno quando este pode associar esse novo saber aos saberes que já dispõe. Com a aprendizagem significativa, a nova informação interage com a estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel denomina “conceito subsunçor”, existente na estrutura cognitiva de quem aprende.

Assim, a motivação, enquanto fator intrínseco, surgirá quando o aluno for atendido em suas necessidades específicas. Experimentar o sentimento de competência que decorre do encontro do educando com uma atividade pedagógica planejada, poderá contribuir para resgatar a sua autoconfiança enquanto aprendiz, tornando-o capaz de se sentir encorajado diante das tarefas posteriores, com maior grau de complexidade, desde que essas possam se relacionar com os conhecimentos já dominados até o momento. Pensar as implicações que o conceito de “aprendizagem significativa” traz para a aula, em especial em relação aos educandos com maiores necessidades de aprendizagem, constitui uma necessidade crucial para o atendimento da demanda institucional relacionada aos problemas de aprendizagem.    


Bibliografia

ANTUNES, Celso. Glossário de bolso (a) para educadore (a) s. iEditora, 2001.

AUSUBEL, David P.; NOVAK, Joseph D.; HANESIAN, Helen. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1980.


BUDEL, Gislaine Coimbra; MEIER, Marcos. Mediação da aprendizagem na educação especial. Curitiba: Ibpex, 2012.