sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A Importância da Leitura: Planejando o Ensino para o Atendimento de Necessidades Gerais e Específicas dos Educandos


A escola possui uma tarefa de grande importância na formação do sujeito. Ao possibilitar-lhe o acesso à escrita, oferece-lhe condições de prosseguir nos desafios posteriores que encontrará na escola e na vida. A consequência dessa formação será percebida tanto na esfera individual quanto na coletiva. Se bem sucedida, permitirá ao indivíduo a realização da leitura de fruição, possibilitando, consequentemente, a sua formação estética. Também promoverá a sua inserção nas decisões da sociedade, favorecendo o exercício dos deveres e direitos na esfera de sua cidadania.

 

Kaufman (1995) esclarece que, no sentido atribuído por Roland Barthes ao ato de escrever, o verbo é intransitivo quando se trata da escrita pelo prazer, quando o texto importa menos pelo conteúdo do que pelo ato em si mesmo. Por outro lado, quando o que predomina é a comunicação de uma ideia, não o aspecto estético do texto, o verbo escrever é transitivo. Existindo tais possibilidades de emprego da escrita, quando não for possível formar escritores, a escola deveria, ao menos, formar pessoas que escrevem “com adequação, tranquilidade e autonomia”.

 

A mesma autora emprega o termo “reificação” para explicar como a possibilidade de escrever possibilita que se tome distância do texto depois de escrito, tornando-o um objeto. O texto passa a ser uma “ferramenta cognitiva importante”, pois permite que seu produtor seja capaz de aperfeiçoá-lo. 

 

Outro aspecto que esclarece, diz respeito à distinção entre sistema de escrita e sistema da linguagem escrita. Pesquisas psicogenéticas são apontadas, demonstrando que a compreensão do sistema de escrita e da linguagem escrita se dá simultaneamente para o sujeito que aprende. A primeira expressão compreende elementos como letras e signos. A segunda diz respeito à característica da mensagem propriamente dita, ou seja, aos textos informativos, literários, expressivos, apelativos.

 

Nesse sentido, um dos problemas apontados se refere ao modo como a escola se posicionou em relação ao ensino da escrita, considerando, por muito tempo, que o ensino da linguagem escrita deveria ocorrer apenas depois que o aprendizado do sistema de escrita tivesse sido constatado. Os textos utilizados para ensinar a escrever, chamados pela autora de “escritos escolares”, tinham características pobres, pois o que se desejava era que o aluno compreendesse a correspondência entre letras e sons, sem que os textos fossem abordados dentro de suas dimensões sociais.

 

As práticas pedagógicas escolares eram ineficazes e enfatizavam a oferta de frases desprovidas de sentido para os educandos, tais como “Eva lava a luva”. Afirma que esse tipo de abordagem trazia frustração para os alunos, que chegavam à escola com expectativas de aprender a ler por meio de leituras significativas, possibilidade que não era encontrada em textos como o mencionado.

 

Etimologicamente, “texto” significa “tecido”. Para compor esse “tapete” são cominados diferentes tipos de recursos. As práticas escolares não consideravam as tipologias textuais, suas funções, suas tramas nem a relação entre intenções comunicativas e os recursos linguísticos empregados para produzir os textos.

 

                A consideração da complexidade dos textos reais que circulam na sociedade, o conhecimento de suas características específicas e a prática do planejamento constante, são aspectos apontados como forma de contribuir para a superação dos problemas relacionados ao ensino de baixa qualidade.

 

                Os aspectos discutidos pela autora podem ser compreendidos dentro de uma abordagem pedagógica e, portanto, capaz de prevenir o que modernamente se costumou denominar como dispedagogia, ou seja, a existência de problemas de aprendizado decorrentes do ensino inadequado.

 

Problemas de aprendizado envolvendo um grande número de educandos em uma mesma turma ou escola deveriam levar à revisão das metodologias empregadas, bem como outros tipos de ações escolares, pois as dificuldades de aprendizado decorrentes de necessidades individuais não justificam a ocorrência de fracassos em números tão expressivos.

 

Mesmo que as dificuldades individuais de aprendizado da leitura não sejam tão frequentes como os problemas decorrentes do ensino inadequado, além do planejamento geral, uma instituição deveria contemplar medidas para aqueles casos envolvendo os alunos que necessitam de apoio pedagógico diferenciado, o qual poderá ser ofertado por meio de estratégias diversificadas de ensino de leitura e escrita, em vista da importância que o acesso à leitura representa para os estudos escolares posteriores e demais aspectos da vida do indivíduo.      

 

 Consulta

 

       KAUFMAN, Ana Maria; RODRIGUES, Maria Helena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artmed, 1995.

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