terça-feira, 10 de abril de 2018

A Participação de Estagiários de Cursos Superiores na Instituição Escolar e Suas Contribuições para o Desenvolvimento Integral dos Educandos

O projeto apresentado a seguir não foi desenvolvido até o momento, mas desejei compartilhá-lo como uma ideia para projetos futuros, com o objetivo de ilustrar o que acredito que poderá ser uma das frentes de ação do trabalho do profissional de Psicopedagogia na instituição, como coordenador de projetos. Isso porque a experiência institucional acumulada poderá contribuir para que o psicopedagogo elabore estratégias de ações para contornar as dificuldades existentes em relação à oferta de uma educação de qualidade, de modo a contribuir para o planejamento e execução de projetos que tenham em vista a instituição em sua singularidade. 



1.Título
A Participação de Estagiários de Cursos Superiores na Instituição Escolar e Suas Contribuições para o Desenvolvimento Integral dos Educandos.  

2.Objetivo Geral
Oferecer serviços complementares e/ou suplementares ao desenvolvimento integral dos educandos.
3.Objetivos Específicos
Desenvolver, no dia a dia escolar, ações que promovam a valorização da convivência coletiva harmoniosa, a responsabilidade e o autocuidado.

4.Palavras-Chave
Educação integral, serviços de apoio, parceria, estagiários.

4. Justificativa
Os profissionais que atuam no quadro docente da instituição escolar, assim como o profissional de Psicopedagogia, em certas ocasiões, identificam necessidades dos educandos que extrapolam os seus campos de conhecimentos e competências profissionais. Nessas condições, educadores e psicopedagogos podem sentir que o entrave existente ao atendimento de tais necessidades de seus alunos só poderá ser superado por meio de encaminhamentos para outras especialidades. Como exemplo dessa demanda, podem ser citados os casos dos alunos que poderiam ser beneficiados por meio de orientações provenientes de campos de atuação como a Odontologia, a Psicologia e a Fisioterapia.
Nesses casos, a parceria entre a instituição escolar e os órgãos externos que auxiliarão na realização do diagnóstico do caso pode ser dificultada por conta de outros fatores, como a fila de espera existente no serviço para o qual o educando foi encaminhado, o que geralmente repercute na qualidade do atendimento oferecido.
Por outro lado, a existência de cursos superiores no próprio município seria um fator favorável à identificação de recursos humanos que poderiam proporcionar contribuições nesse sentido, pela possibilidade de estabelecer parcerias com as unidades escolares, propondo ações capazes de favorecer o atendimento ao educando, proporcionando contribuições positivas ao atendimento da demanda identificada nas instituições.
Assim, juntamente com um diagnóstico adequado das necessidades institucionais realizada pelo profissional de Psicopedagogia, a atuação dos estagiários poderia favorecer a implementação de ações positivas, quanto ao atendimento das necessidades identificadas junto ao corpo discente, com ações de orientação de educandos em pequenos grupos. Essa linha de atuação poderia auxiliar na redução da fila de espera existente nos serviços públicos da área da saúde. No caso da instituição, também poderia favorecer a redução da ansiedade existente em relação a que se inicie o atendimento psicológico dos educandos encaminhados, bem como a melhora no clima institucional, em decorrência da realização de ações tendo em vista a resolução de conflitos de convivência entre os educandos.  

5. Introdução
O desenvolvimento integral do educando constitui um tema bastante antigo, cujo interesse remonta ao filósofo grego Aristóteles, de acordo com Gadotti (2009, p. 21). No Brasil esse assunto vem sendo retomado desde o movimento educacional pelos pioneiros da educação nova, de 1932 (op. cit., p. 22). Iniciativas como o projeto das Escolas Parque, de Anísio Teixeira, na década de 1950, seguem essa linha (op. cit., p. 23). Posteriormente, a criação dos CIEPS (Centros Integrados de Educação Pública), durante a primeira gestão de Leonel Brizola (1983-1987) como governador do Rio de Janeiro, incluiu a prestação de serviços médicos e odontológicos aos alunos nas dependências escolares (op. cit., pp. 24-25). 
Marcos legais importantes sobre a infância e a adolescência, como o que se observa no Art. 1º da Lei 9394, de 20-12-1996, trouxeram uma compreensão da educação como um processo que transcende o espaço físico da instituição escolar, uma vez que:  
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.
Dessa maneira, a instituição escolar tem procurado compreender o desenvolvimento do educando dentro de uma perspectiva global. Nesse sentido, a tarefa da escola poderia ser executada de modo mais satisfatório pela articulação com outros especialistas, que poderão contribuir com os demais serviços relacionados à oferta de ações que concretizem esses direitos fundamentais.
A articulação da vida escolar com os recursos comunitários tem sido um tema de interesse atual, com algumas iniciativas cujos resultados são considerados satisfatórios, como ocorreu com o jovem município de Ariquemes (R0), que contribuiu para o desenvolvimento profissional dos jovens que participaram de projetos como voluntários, assim como o Programa Bairro Escola de Nova Iguaçu, que contou com a participação de voluntários entre estudantes de ensino médio e superior, ação que potencializou o uso dos recursos que já existem naquela comunidade (Gadotti, 2009, p. 68-71).
Dessa maneira, acreditamos que a inserção de estagiários na vida escolar poderia resultar em uma prática capaz de agregar ao cotidiano escolar esforços importantes para a promoção integral do desenvolvimento educacional dos alunos das escolas públicas  municipais, favorecendo a execução de ações para a promoção dos cuidados físicos e emocionais dos educandos.

6.Metodologia
A metodologia da pesquisa-ação constitui uma abordagem metodológica adequada ao projeto aqui proposto, pois de acordo com Severino (2007, p. 120):

“A pesquisa-ação é aquela que, além de compreender, visa intervir na situação, com vistas a modificá-la. O conhecimento visado articula-se a uma finalidade intencional de alteração da situação pesquisada. Assim, ao mesmo tempo que realiza um diagnóstico e a análise de uma determinada situação, a pesquisa-ação propõe ao conjunto de sujeitos envolvidos mudanças que levem a um aprimoramento das práticas analisadas”.

Seguindo a abordagem definida anteriormente, o presente projeto realizará as ações descritas adiante. A partir de entrevistas com a equipe gestora e profissionais do quadro docente, o profissional de Psicopedagogia realiza um levantamento de temas mais relevantes e que necessitam ser desenvolvidos junto ao alunado. Esses temas poderão ser considerados de acordo com a área dos estudos superiores dos estagiários. Após ter sido realizado o levantamento das necessidades existentes, o profissional de Psicopedagogia da instituição poderia discutir as ações possíveis, juntamente com o estagiário, bem como o melhor momento para a realização e o número de intervenções, de acordo com as necessidades dos professores de sala comum, do educando e do próprio estagiário. À medida que o projeto for se desenvolvendo, será possível realizar as adequações que possam ser necessárias, como triagem, formação de grupos e dispensa de alunos que já tenham atingido os objetivos dos encontros.

7. Atividades
Após o levantamento escolar e a formação dos grupos:
Os estagiários da área da Psicologia poderão desenvolver ações em pequenos grupos, com reflexões sobre temas sugeridos pelos professores das turmas participantes, tais como reflexões sobre autoestima, convivência com as diferenças, autocuidado, resiliência, entre outros.
Os estagiários da área da Pedagogia poderão desenvolver ações em pequenos grupos ou em sala de aula, discutindo estratégias sobre a importância da formação de hábito de estudos, estratégias para melhor aproveitamento dos estudos, o desenvolvimento do hábito de leitura, etc.
Os estagiários da área da Odontologia poderão desenvolver ações em pequenos grupos ou em sala de aula, informando sobre a importância dos cuidados bucais e o modo adequado de realizá-los, além de triagens relacionadas às condições bucais e sugestão de encaminhamentos, quando necessários.

8. Acompanhamento, Avaliação e Disseminação
O acompanhamento dos alunos poderá ser realizado pelo professor de sala comum ao profissional de Psicopedagogia, que poderá realizar a triagem dos casos de acordo com as queixas recebidas. Quanto aos grupos formados, poderá registrar os aspectos quantitativos e qualitativos das ações desenvolvidas pelos estagiários, discutindo com os mesmos as adequações possíveis.

9. Finalização
O projeto será concluído pela elaboração um relatório final, após discussão realizada com os integrantes do projeto, a fim de registrar os avanços obtidos no atendimento à clientela escolar e os resultados observados, para a análise e adequações posteriores.  

10. Bibliografia
Brasil. [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB : Lei de diretrizes e bases da educação nacional : Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. – 13. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2016. – (Série legislação ; n. 263 PDF)
Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente: (Lei n. 8069, de 13-7-1990). São Paulo: Saraiva, 2005. 
GADOTTI, Moacir. Educação Integral no Brasil: inovações em processo / Moacir Gadotti. -- São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009. -- (Educação Cidadã; 4)
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: cortez, 2007. 23 ed.