segunda-feira, 27 de março de 2017

O Teatro Psicopedagógico Como uma Ferramenta Para a Transformação das Relações Interpessoais no Espaço Escolar




Justificativa:
No momento atual, muitas queixas elaboradas ao psicopedagogo estão relacionadas a questões envolvendo a convivência no espaço escolar. Muitos conflitos intrapessoais se manifestam na escola, o que pode oportunizar iniciativas psicopedagógicas que promovam a reflexão nesse espaço, favorecendo a humanização de todos os envolvidos no cotidiano da instituição. Em postagem futura, apresentarei observações relacionadas à discussão do texto e ensaio com os alunos. Estamos dando os primeiros passos no estudo das possibilidades de aplicação do teatro como ferramenta psicopedagógica e estamos conscientes de que este se trata de um trabalho com limitações, como ocorre com todo trabalho em fase inicial. Acreditamos que o tema poderá favorecer o trabalho com diversos assuntos relacionados à infância e à adolescência posteriormente.

Peça de Teatro

Título: “Atitudes que Fazem a Diferença”.

Personagens: Florista, Andreia, Paula, Pedro, João, André, Professor, Professora, alunos.
Cena 1
Florista (com o regador) – Sabe o que estou fazendo? Regando uma amendoeira. A amendoeira é uma planta interessante. No inverno, as suas folhas e flores secam e caem. Mas ela renasce e logo volta a florir e a produzir, quando as demais flores ainda não dão qualquer sinal de vida.
(Vai saindo de cena)

Cena 2
(composta de professora e alguns alunos)
Professora: Agora, vocês podem passar para a atividade no final unidade 1.
Paula: Ana, você me empresta o lápis de cor vermelha?
João: Eu empresto para você. Toma.
Paula: Quem foi que falou com você?
João: Eu só queria ajudar.
Paula: Cala a boca.
(Todos saem de cena)

Cena 3
Pedro: No final de semana nós vamos jogar contra um time do meu bairro. Nós precisamos de mais um jogador. Alguém se interessa?
João: Eu quero.
Pedro: Você, não. Não quero nenhum “perna de pau” no meu time.
(Pedro ri e, em seguida, alguns colegas da sala riem também)
André: Eu posso jogar no seu time, João?
Pedro: Pode. Se precisar de carona, eu passo em sua casa. É caminho mesmo.
André: Não quero atrapalhar.
Pedro: Não vai atrapalhar nada.
(Todos saem da sala, ficando apenas João)
André: Então tá combinado.
(Os demais saem, ficando apenas João em cena)
João: (Falando em monólogo): Eu queria apenas que eles me aceitassem. Por mais que eu me esforce, eles só me maltratam. Não sei o quanto ainda vou aguentar.
(Senta, cobre a cabeça com as mãos, debruçando sobre os joelhos)

Cena 4
(Ocorre o diálogo entre duas jovens)
Andreia: Como vai?
Paula: Bem. Quer dizer, não muito bem. Acho que não me sinto muito disposta para ir à escola hoje.
Andreia: O que aconteceu.
Paula: As coisas não estão muito bem lá em casa. O meu pai perdeu o emprego. A minha mãe está com problemas de saúde. É muito conflito para a minha cabeça. Acho que não vou aguentar.
Andreia: Você parece mesmo desanimada. Onde está aquela amiga cheia de sonhos, que pensava em ser veterinária?
Paula: Do jeito que as coisas vão, já nem sei mais.
Andreia: Amiga, você não pode pensar desse jeito. Quando a gente perde a esperança, é difícil encontrar motivação para prosseguir. Você percebeu quantas amigas nossas estão assim como você? Eu estava fazendo uma pesquisa sobre ao assunto. Então, vou falar o que aprendi. Você está com um problema, todos na vida temos problemas de vez em quando. Então, vou ler para você alguns princípios que encontrei em minha pesquisa:
(Lendo)
1º princípio: aceitação. Isso significa que temos que reconhecer o problema. Negar o problema não o fará desaparecer.
2º princípio: abandone atitudes ineficazes. Todos nós temos nossos desafios. Não vai melhorar nada fazer os outros sofrerem porque estamos sofrendo.
3º princípio: recursos internos. É a nossa capacidade de passar pela situação sem nos desesperarmos. Você diz para si mesma que é capaz de suportar. Diz que vale apena lutar pelos seus sonhos. Diz que a vida, apesar dos problemas, vale a pena ser vivida.
4º princípio: recursos externos. Conte com as pessoas que você conhece, com seus familiares e amigos. E, se precisar de orientações, procure os profissionais que poderão ouvi-la e orientá-la.
5º princípio: persistência. Continue em frente, mesmo quando sente que isso é difícil.
6º princípio: pense em seus objetivos e o quanto será bom alcançar os seus sonhos.    
Então, vamos à escola?
Paula: Sim. Acho que estou me sentindo melhor agora.
(Saem de cena).

Cena 5
(As duas amigas tornam a entrar em cena, chegando à escola, onde estão o professor e alguns alunos).
Professor: (...) Dizem que era um cavalo de idade avançada, e que caiu em uma vala profunda. Em vez de tirá-lo dela, o dono achou que não compensaria o custo. Chamou alguns conhecidos, que começaram a jogar terra sobre o cavalo, que a princípio relinchou, como querendo pedir socorro. Depois de um tempo, vendo que deveria fazer algo, porque ficar parado não iria ajudá-lo em nada, o cavalo levantou. A cada pá de terra que jogavam para dentro da cova, ele sacudia a que caia sobre suas costas. Aos poucos, a terra acumulada e pisada pelo animal foi formando algo parecido com degraus. Ao se dar conta da possibilidade, o animal rapidamente saiu da cova, trotando em direção a sua liberdade. Assim é a vida.  Cada desafio que encontramos pode servir como a pá que sepulta nossos sonhos, ou como os degraus que nos levam em direção aos nossos objetivos. Depende de como reagimos aos desafios.  
(saem de cena)

Cena 6
Andreia: Então, o que você achou da aula hoje?
Paula: Achei que a escola tem uma importância em nossas vidas, maior do que eu imaginava. Para alcançar nossos sonhos precisamos aprender não apenas os conhecimentos, mas também as atitudes corretas diante da vida.
Andreia: Como não desanimar diante dos desafios.
Paula: Claro, lutar pelos nossos sonhos, apesar dos obstáculos que surgirem. Respeitar as outras pessoas, tentando nos colocar no lugar delas, para compreender que elas também podem estar sofrendo.
Andreia: Tchau amiga. Até a aula de amanhã.
Paula: Tchau e obrigada.

Cena 7
Florista: (Regando) A vida pode até não ser perfeita, ou como nós gostaríamos que fosse. Mas se você persistir diante dos desafios. E se você continuar regando seus sonhos, mesmo naquelas horas que se parecem com os invernos da vida, com certeza seus sonhos irão florir, assim como a amendoeira. 

Fim

Observação: Para a elaboração da cena 5, nos inspiramos em uma história disponível em: http://www.vozesdapaz.com.br/mensagens/2017/03/a-historia-do-cavalo/



















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