Apresentei o texto a seguir, originalmente, na forma de slides, que
agora disponibilizo aos interessados para utilizar da maneira que acharem mais
produtiva. Foram elaborados com vistas à promoção da compreensão e da
valorização do papel do educador físico no processo educacional, enquanto
profissional capaz de contribuir com a formação integral do educando. Em
seguida, disponibilizo meu endereço para contato, caso aja interesse em
conhecer outras capacitações que realizei, voltadas para o mesmo assunto ou
outros temas de interesse para educadores em geral.
Para compreendermos a importância que a psicomotricidade assume na
formação do educando é importante considerar o que Gardner (1994, p.161)
afirma, ao abordar o assunto da inteligência corporal cinestésica:
“Característica desta inteligência é a capacidade de usar o próprio
corpo de maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos
assim como voltados a objetivos (...) Igualmente característica é a capacidade
de trabalhar habilmente com objetos, tanto os que envolvem movimentos motores
finos dos dedos e mãos quanto os que exploram movimentos motores grosseiros do
corpo”.
As habilidades para o uso deste tipo de inteligência poderão ser tão
desenvolvidos que, como lembra, no caso dos mímicos, poderão fazer uso do corpo
para expressar até mesmo conceitos abstratos, como “liberdade ou escravidão,
bem ou mal, feiúra ou beleza” (idem). O controle do próprio corpo e o uso
de objetos com habilidade são dois componentes deste tipo de inteligência.
Muitas culturas não fazem a divisão entre corpo/mente, como a que ocorre
nos países ocidentais. Lembra ainda que os estudos mais recentes têm
relacionado o uso do corpo ao desenvolvimento das capacidades cognitivas do
indivíduo. Um esportista, um motorista dirigindo seu automóvel, um cirurgião
utilizando suas ferramentas, são casos em que se percebe que corpo e mente
estão integrados na busca do objetivo pretendido.
Com a prática, a intenção vai sendo transformada em ação de modo cada
vez mais hábil. Agarrar com precisão um objeto pequeno utilizando polegar e
dedos opostos é algo restrito à espécie humana. Um pianista pode demonstrar
habilidade refinada, inclusive pela dissociação dos movimentos das mãos.
Uma exemplo de como podemos perceber a integração entre corpo e mente
pode ser oferecido pelo autor, ao afirmar que:
“Os mecanismos de feedback são altamente articulados, de modo que os
movimentos motores estão sujeitados a contínuo refinamento e regulação com base
numa comparação do estado da meta pretendida e a posição real dos membros ou
partes do corpo num momento específico no tempo”.
De acordo com a definição de apraxias, afirma que estas são:
“... um conjunto de transtornos relacionados, nos quais um indivíduo
fisicamente capaz de desempenhar um conjunto de sequências motoras e
cognitivamente capaz de entender um pedido e fazer isto, não obstante é incapaz
de realizá-la na ordem adequada ou de uma maneira adequada”.
Essas desordens podem ocorrer de modo muito específico, como ter
incapacidade de vestir-se, ou ser mais geral. Podem ser divididas em:
Apraxia membro-cinética: quando a pessoa não consegue desempenhar um comando com as duas mãos.
•Apraxia ideomotora: dificuldade de fazer de conta que usa um
objeto de modo adequado. Frequentemente se destaca dos demais pela
impossibilidade de realizar os movimentos pedidos. Exemplo disso ocorre quando
se pede a uma pessoa acometida desse tipo de apraxia que imite o movimento de
serrar. A mão poderá assumir o gesto inadequado para imitar o segurar do
serrote, por exemplo.
•Apraxia ideacional: nesse caso, a dificuldade ocorre em passar
de um movimento para outro, constituindo uma sequência correta.
•Algumas culturas promovem atividades em que são valorizadas as
dissociações dos músculos, adquirindo grande domínio nesse sentido, que uma
pessoa não treinada não será capaz de realizar.
•O fato de que mesmo indivíduos acometidos de perda da memória possam
desempenhar sequências corporais de modo adequado, leva a crer, segundo o
autor, que as apraxias não constituem desordens da compreensão, evidenciando o
fato de que as capacidades cinestésico-corporais constituem mesmo uma
inteligência.
•Tais aspectos levam a considerações sobre a prática escolar do educador
físico: a atividade proposta não é somente motora, mas ideomotora, atuando
sobre a coordenação dos movimentos grossos e finos e auxiliando na construção
de uma imagem pessoal mais positiva de si mesmo.
Por fim, Gardner afirma que o corpo é habitado por um eu individual,
construído a partir das observações pessoais das próprias habilidades. Por
isso, identificar os pontos fortes da criança é fundamental para a promoção de
seu desenvolvimento integral.
•
Há ainda outros exemplos de transtornos psicomotores. Entre eles, estão:
Torpor motriz: incluem-se nesse
caso:
•torpor dos movimentos voluntários: ocorre, entre outros, com o
caminhar desarmônico.
•Sincinesias: ao tentar realizar um movimento, aciona uma parte
do corpo que não seria necessária ao mesmo, como quando movimenta ambas as mãos
ao ser pedido que o fizesse apenas com uma.
•
Paratonia: corresponde à
dificuldade de relaxar espontaneamente. É frequentemente acompanhada de
dificuldades de comunicação, pela incapacidade de fazer uso adequado da
motricidade como meio de comunicação, atraso no desenvolvimento motor,
manifesto na forma de lentidão.
•Transtornos de Lateralidade:
•
São percebidos nos casos de:
•crianças ambidestras;
•canhotos contrariados;
•
lateralidade cruzada.
•
Em geral, aos sete anos de idade a criança já pode reconhecer as noções
de esquerda e direita tendo como referência o outro. Dificuldades na
lateralidade podem ocasionar confusões na escrita, em que letras de formas
semelhantes são confundidas pela criança. Exemplos: p, q, b, d, etc.
•Inibição Psicomotora
•
A atividade motora constitui um modo pelo qual a criança conhece o meio
e a si mesma. Por isso, é motivo de preocupação crianças que sejam muito
inibidas.
•Instabilidade Psicomotora ou Síndrome Hipercinética
•
Ocorrem com crianças que demonstram muita necessidade de movimentação.
Isso pode ocasionar dificuldades com relação à atenção e ao sono.
•
Assim, podemos concluir que o educador físico pode contribuir de modo
valioso para o desenvolvimento dos alunos, estando atento para os seguintes
aspectos:
•
A) Reconhecendo os pontos fortes e aqueles em que o educando necessita
de intervenção.
•
B) Programando as atividades de maneira que a criança possa encontrar a
possibilidade de avançar nos pontos em que seu desenvolvimento está abaixo do
esperado.
•
C) Possibilitar, por meio de atividades programadas, que a criança tenha
a oportunidade de desenvolver atividades em que possa alcançar sucesso. Isso
contribui para fortalecer o seu ego.
D)Estabelecer parcerias e constantes diálogos com todos os atores
envolvidos no desenvolvimento do educando, pois quanto mais articulado o
trabalho, melhor o resultado.
Mensagem Final
Educador físico, seu atuar poderá contribuir de modo fundamental para
alcançarmos a educação que fará a diferença na vida de nossos alunos: aquela
que nós, educadores, educandos e toda a sociedade necessita.
•Bibliografia
•ARNAIZ SÁNCHEZ, Pilar. A psicomotricidade na educação infantil: uma
prática preventiva e educativa. Porto Alegre: Artmed, 2003.
•GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências
múltiplas. Porto Alegre: Artmed: 1994.
•
MORAES, Alberto P. Q. de. O livro do cérebro, v.2. São Paulo (SP):
Duetto, 2009.
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