Para começar...
Conta-se que
em certa ocasião um velho contador de histórias percorria uma aldeia do interior
do Japão, quando avistou uma escola onde se ensinava a arte samurai. Cansado da
jornada daquele dia e faminto, desejava poder encontrar um lugar seguro onde
pudesse passar a noite e receber uma porção de arroz para saciar sua fome.
Conhecendo o
costume do local, sabia que poderia obter aquilo de que necessitava se
desafiasse algum dos alunos da escola para um duelo, cuja competição seria
feita usando espadas de madeira. Era mais um hábito local que não costumava
resultar em consequências graves para os desafiantes.
Olhando por
alguns momentos para o Dojo onde estavam reunidos o mestre e seus discípulos, o
velho rapidamente elaborou um plano. Desafiaria para o combate o experiente
samurai, em vez de um de seus pupilos. Também exigiria que o combate fosse
travado com espadas de aço, em vez usar armas de madeira.
Assim
pensando, aproximou-se da academia, onde foi recepcionado por um dos alunos,
que lhe perguntou o que poderia fazer por ele.
_ Vim aqui
para desafiar seu mestre para um combate com espadas, replicou o velho.
_ Porque não
desafia um dos alunos iniciantes?
_ Não.
Pretendo travar um combate com espadas de verdade.
Assim dizendo,
o jovem não viu alternativa, senão comunicar ao mestre o desejo do visitante.
Diga-lhe que
aceito seu desafio, falou o samurai ao seu aluno.
Finalmente,
quando todos estavam reunidos para assistir a luta e seus olhares pasmos
denunciavam a expectativa de um final trágico para o combate, ambos os oponentes
se posicionaram para dar início ao duelo com suas espadas. Foi nesse momento
que o velho se aproximou do oponente, colocou a sua espada no chão e disse ao
samurai:
_ Há, num país
distante daqui, um rio mágico. Nele vive um peixe que viaja por lugares
distantes, onde os seres falam e lhe contam fatos que seus olhos jamais
sonhariam ver. As coisas que lhe são ditas, por sua vez, ele narra a um homem
que vive numa cabana às margens do rio encantado, que por sua vez fica sabendo dos
hábitos inusitados dos moradores desses lugares fantásticos. Esse viajante dos
rios contou ao ribeirinho, entre outras coisas, como um guerreiro de uma tribo
indígena enfureceu os deuses com seu desprezo pelos homens e pelas divindades.
O guerreiro não perdia a oportunidade de exercer violência contra pessoas e
animais, apenas com o fim de provar sua superioridade. E essas atitudes foram a
razão de ter sido transformado em um peixe que vive no grande rio do Ocidente.
Nesse ponto da
narrativa, o samurai estava completamente absorto pelos fatos que ouvia e, sem
se dar conta, mantinha a guarda totalmente aberta, ficando vulnerável a um
golpe fatal, caso se tratasse de um verdadeiro combate.
Ao se dar
conta do que havia acontecido, o samurai olhou para seus alunos e disse:
_ Prepare tudo
aquilo de que esse homem necessitar para que sua estada seja confortável.
Ofereçam-lhe também uma refeição digna de um convidado de honra.
Sem saber ao
certo o que passava pela cabeça do samurai, um dos alunos se aproximou e disse:
_ Mestre, seu
adversário não desferiu um golpe sequer.
_ Eu sempre
disse a vocês que no momento da luta um guerreiro deve estar concentrado no
combate, vivendo no momento presente. O meu adversário arrebatou minha atenção
com as coisas que me disse, me levando para outros tempos e lugares. Caso
estivesse empunhando sua espada, ele poderia ter facilmente desferido um golpe
com sua katana contra mim, se quisesse. Além disso, me mostrou que a verdadeira
força vem do respeito que os homens demonstram pelos seus semelhantes. Por isso,
julgo que ele me venceu.
A Gestão de Conhecimentos e o Planejamento
O conceito de
“competir” não deixa de causar a impressão de certa dose de belicosidade. E “entrar em concorrência simultânea” é
uma das definições presentes no mini dicionário Houaiss para a definição do verbo.
Em termos de negócios, equivale à luta simbólica. Uma vitória num seguimento se
faz pela capacidade de planejar, pela qualidade dos produtos e serviços
oferecidos, pelo atendimento aos clientes, entre outros aspectos. Assim, há
vários fatores que devem ser observados para que haja vantagens diante da
concorrência.
De acordo com
Xavier (1998, p. 8-9), nos dias atuais,
“o
conhecimento e a informação são privilegiados geradores de riqueza. Equivalem a
ativos como máquinas, dinheiro, prédios, terra, estoques. Mais que isso, é um ativo
privilegiado, numa era em que tudo muda rápida e intensamente e os grandes
aparatos econômicos de ontem hoje passam a não oferecer nenhum valor
estratégico. É na verdade o único ativo que se mantém capaz quando todo o mais
entra em crise”.
Outras
pesquisas recentes têm acentuado que:
“O ambiente de negócios atua em
um cenário globalizado, competitivo e amplamente influenciado pelas Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC), implicando uma constante adaptação das
empresas com relação às manifestações do macroambiente, quais sejam, políticas
sociais, econômicas, tecnológicas, entre outras” (VALENTIM org. p. 319).
A gestão
proativa volta-se para o conhecimento de aspectos relativos a determinado
seguimento, além da observação das mudanças que ocorrem no ambiente externo. Nesse
contexto, informação e conhecimento constituem os alicerces que possibilitam a
gestão. A interpretação do que ocorre no macroambiente permite compreender o
modo como tais mudanças afetam as organizações. Mas apenas o acesso ao conhecimento
não constitui garantia de sucesso organizacional. O conhecimento de um dado oferece
vantagem à organização quando pode ser interpretado. Pode até acontecer que um
dado relevante nem mesmo seja percebido como tal, na ausência da possibilidade
de interpretação.
A dinâmica da
informação percorre três momentos, criando significados, construindo
conhecimentos e permitindo a tomada de decisões ao fim do processo. No primeiro
caso, consiste em identificar a dinâmica do ambiente e interpretar o seu
sentido, visando uma ação. No segundo, combinam-se os conhecimentos tácito e
explícito visando à criação de novos conhecimentos. Por fim, os passos
referentes aos dois procedimentos iniciais possibilitam a realização do terceiro,
ou seja, decidir qual ação será adotada para corrigir ou aprimorar pontos
analisados. Esse enfoque recebe o nome de “abordagem holística” ou “ecologia da
informação” (op. cit. p. 324).
Os modos como
os gestores devem lidar com a informação são variados, podendo envolver “dados quantitativos, fatos, relatórios, até
uma argumentação, discussão, etc” (p. 325). Também envolve desde fontes
pessoais, como colegas da organização, ou impessoais, como publicações
impressas e outros meios, como rádio e televisão.
Dentro do
âmbito organizacional, pode-se considerar os diversos tipos de informação, como
aquela de natureza estratégica, que destina-se a auxiliar no processo de tomada
de decisões e de planejamentos a médio e longo prazo. Além dessas, há as
informações de natureza financeira, comercial e também a informação voltada
para a gestão de pessoas.
Quantos aos tipos
de Fontes, podemos destacar:
Fontes
primárias: relatórios produzidos dentro da própria empresa.
Fontes
secundárias: enciclopédias, livros, dicionários, anuários etc. As fontes
secundárias geralmente são consultadas para organizar a avaliar as fontes
primárias.
Fontes
terciárias: tem a função de guiar o usuário para as fontes primária e
secundária: bibliografias, catálogos coletivos, guias de literatura, etc.
Conclusões
Manter
fontes de registro bem organizadas pode contribuir em muitos sentidos para a
dinâmica de uma organização, pois a informação envolve todos os aspectos
internos e externos referentes à mesma, constituindo-se em matéria prima valiosa
para inserir mudanças positivas dentro do funcionamento da organização. Podemos
concluir que o modo como as organizações lidam com a informação assume um papel
central para o desenvolvimento das mesmas frente ao atual cenário comercial, caracterizado
pela competitividade e pelo ritmo acelerado em que as transformações acontecem.
Bibliografia
HOUAISS, Antônio. Minidicionário
Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
VALENTIM, Marta (org.) Gestão,
mediação e uso da informação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
XAVIER, Ricardo de
Almeida Prado. Capital
intelectual: administração do conhecimento como recurso estratégico para
profissionais e organizações. São Paulo: STS, 1998.
Fabio Alexandre Pereira – escritor
e assessor psicopedagógico.
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