Os
Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam como objetivos gerais do ensino
fundamental (Brasil, 1997, v. 8), entre outros:
“Compreender a cidadania como
participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres
políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade,
cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si
mesmo o respeito”.
Outras
questões que o referido documento ressalta, dizem respeito ao desenvolvimento
da capacidade crítica, da responsabilidade, do aprendizado do diálogo como
ferramenta de mediação de conflitos e tomada de decisões, do autocuidado e à
apropriação do sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, cognitiva,
ética, estética, etc (idem). Dessa maneira, o referido documento expressa o
ideal educacional almejado.
Por
outro lado, pode-se observar que a Constituição da Organização Mundial da Saúde
apresenta a seguinte afirmação, que poderíamos compreender como a expressão do
ideal de pessoa saudável:
“A saúde é um estado de completo bem-estar
físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de
enfermidade”.
Mais adiante, o referido documento afirma ainda que:
“O desenvolvimento saudável da criança é de
importância basilar; a aptidão para viver harmoniosamente num meio variável é
essencial a tal desenvolvimento”.
Assim,
é possível perceber que as metas da educação e da saúde confluem para um
objetivo comum, que é o desenvolvimento do potencial humano e a convivência em
sociedade.
Nesse
sentido, as contribuições do profissional de Psicopedagogia à instituição
escolar consiste em ações que transitam entre esses dois campos. Aliás, tal prática
está prevista já no Artigo 1º do Código de Ética do
Psicopedagogo, o qual dispõe:
“A Psicopedagogia
é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de
aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto
sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes
referenciais teóricos”.
Dessa
maneira, o profissional de Psicopedagogia que atua na instituição escolar tanto
propõe ações visando reverter problemas já instalados, por meio dos
encaminhamentos que realiza para diferentes profissionais (médicos, assistentes
sociais, etc), como também atua preventivamente, executando ações que contribuam
para o bom funcionamento individual e coletivo dentro da instituição.
O Início do Projeto GASA (Grupo de Apoio
à Sala de Aula)
Como
exemplo de atuação psicopedagógica na instituição, podemos mencionar o projeto
GASA (Grupo de Apoio à Sala de Aula), o qual nasceu da necessidade de reflexões
com os educandos a partir de temas que não estão presentes de modo frequente no
dia a dia escolar.
Para
a realização da intervenção, a queixa inicial pode partir dos coordenadores
pedagógicos, dos próprios professores e até por iniciativa do profissional de
psicopedagogia, especialmente nos casos preventivos. Em geral, a intervenção do
projeto GASA costuma ser pontual. Nesse caso, frequentemente é o (a) educador
(a) que observa a necessidade do desenvolvimento de uma reflexão sobre um tema
específico com a turma, o qual pode estar relacionado à convivência, à responsabilidade,
aos autocuidados, etc. Após ser definido o tema da intervenção psicopedagógica,
bem como o horário mais adequado à reflexão com a turma, o profissional de
Psicopedagogia prepara os materiais necessários, planeja sua intervenção e em
seguida a realiza.
Além
da contribuição promovida junto ao corpo discente, o projeto oferece a
oportunidade ainda de fortalecer a cooperação entre psicopedagogos e professores,
de modo que a história da parceria entre psicopedagogos institucionais e
professores de salas regulares tem apresentado resultados muito positivos na
cidade onde atuo como psicopedagogo desde 2008, como funcionário efetivo por
meio de concurso público.
Consulta
Brasil. Secretaria
de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos
temas transversais, ética. Brasília: MEC/SEF, 1997. 146 p.
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