Conta-se a história de
dois irmãos que, depois de um grave desentendimento, deixaram de se falar. A
situação causava estranheza, ainda mais quando resolveram construir muros ao
redor de suas residências, impedindo, um ao outro, o acesso às mesmas. O mais
velho tomou a iniciativa, no que foi seguido pelo mais novo, de chamar um
construtor que havia chegado àquele lugar e dar a seguinte ordem:
_ Levante um muro bem
alto ao redor de minha casa, para que eu não tenha o desprazer sequer de, por
acaso, ver novamente a face de meu irmão.
O construtor começou
cedo o seu trabalho, no dia seguinte, enquanto os irmãos resolviam umas
questões pendentes, relacionadas à partilha de uma herança. Durante todo aquele
dia, ficaram fora, assim como no outro e no seguinte. Enquanto voltavam para
casa, de vez em quando pensavam na ordem dada e imaginavam a que altura o muro
deveria estar.
Para a surpresa de
ambos, ao retornarem, viram o empregado concluindo os últimos detalhes da
construção, que não era um muro. Era uma ponte feita sobre um córrego que atravessava
suas terras e que agora permitia maior acesso entre suas respectivas
propriedades. Um dos irmãos tomou a iniciativa de ir conversar com o empregado
e pedir satisfações. Não havia ficado claro que deveria ter feito muros ao
redor das casas?
Alegando cansaço, o funcionário
disse que iria embora, mas que no dia seguinte, após ter descansado um pouco,
viria para conversar com ambos. A questão é que não veio no dia combinado, nem no
outro ou no seguinte. O tempo foi passando e, dias depois, quando apareceu para
receber pelo seu trabalho, encontrou os dois irmãos conversando. A amizade
estava reconstruída como antes. Quando o avistaram, logo foram em sua direção e
agradeceram pelo feliz “equívoco” cometido, pois isso havia possibilitado a paz
novamente. Quiseram até contratar os serviços do construtor de modo permanente,
para que ficasse por ali.
_ Obrigado, respondeu o
construtor. E dizendo isso, completou: “tenho outras pontes para construir”.
Depois disso,
desapareceu. Alguns dizem tê-lo visto por aí, repetindo o que costumava dizer
quando tinha a oportunidade: a humanidade precisa de mais pontes.
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