Talvez
não seja possível avaliar o tamanho do prejuízo financeiro e emocional da
sociedade, por negligenciar a importância de um tema como a criatividade. Acostumamo-nos
a pensar na palavra investimento como algo que sempre envolve o aspecto financeiro.
No entanto, os recursos humanos das instituições são de extrema importância
para a melhora da qualidade de vida da sociedade, incluindo os que trabalham
nas instituições, bem como os que são atendidos por elas. Pessoas de
mentalidade fechada, obsoleta, podem muitas vezes ocupar funções dentro de
instituições as mais diversas, entravando o processo criativo. A solução para
reverter esse quadro poderia ser a busca de um modelo educacional que contribuísse
para desenvolver a criatividade das pessoas desde o primeiro contato com a
instituição escolar.
DE MASI (2003, p. 525)
apresenta o conceito de “criatividade social”. Esse tipo de criatividade não se
revela nas coisas, mas sim nos relacionamentos sociais, nos grupos. Essas
pessoas dotadas de criatividade social irão contribuir para melhorar a oferta
de serviços prestados à população, por exemplo.
Favorecer
a Criatividade
A rotina é ruim para o
cérebro, porque transforma nossas ações em hábitos. Para estimular a
criatividade, precisamos dispor de novas informações, que estão relacionadas tanto
a conhecer novas coisas como com treinar o nosso modo de perceber o que já
conhecemos de maneira diferente.
É interessantemente observar
como alguns gênios criativos demonstraram atitudes incomuns, a partir de coisas
simples. Leonardo da Vinci, por exemplo, escrevia da direita para a esquerda.
Thomas Edson explorava o estado hipnagógico como forma de se inspirar para realizar
suas descobertas.
Observando esses aspectos das
vidas das pessoas altamente criativas, poderemos melhorar a nossa própria relação
com o processo criativo, pois a criatividade não é um atributo que pertence
apenas aos gênios. Todos temos uma potencialidade criativa que, muitas vezes,
por falta de treino, pode ser prejudicada.
O total oposto da pessoa
criativa talvez seja o sujeito que está sempre produzindo as mesmas atitudes e
ideias, incapaz de qualquer alteração em seus procedimentos.
Dilts,
De Lozier e Dilts (2016) apresentam quatro níveis de aprendizagem.
Falarei mais especificamente de cada um em postagem posterior. Por ora, seria
importante apenas ressaltar que no nível 0 da aprendizagem, as coisas são
feitas por simples hábito, sempre da mesma maneira, ou seja, a pessoa deixou de
aprender e agora suas ações são desempenhadas como uma atitude reflexa, desacompanhada
de pensamento crítico.
O
Que é Ser Criativo
A personalidade das pessoas
criativas inclui vários aspectos que facilitam o processo de criação. Martínez (2006, p. 19), afirma que as pessoas
criativas possuem as seguintes características:
Flexibilidade:
conseguem abordar um problema de diferentes perspectivas.
Originalidade:
possuem necessidade de se distinguir dos demais.
Motivação intrínseca: dependem
apenas dos estímulos internos, não dos externos.
Tolerância à ambiguidade:
sentem-se cômodos diante da diversidade de possibilidades.
Fluidez:
experimentam grande número de ideias antes de optar por uma delas.
A
Criatividade Pode Ser Exercitada
Martínez (2008) propõe que a
criatividade pode ser estimulada por mudanças nas tarefas rotineiras, como
mudar o caminho entre a casa e o trabalho, alimentar-se de um alimento não
consumido com frequência, ouvir música que não se está acostumado a ouvir,
vestir-se de maneira distinta da feita com frequência, assistir a filmes cujo
gênero não seja o costumeiro.
Felício (2008, p. 91) afirma
que pessoas criativas demonstram a capacidade de se encantar diante das coisas
simples. A criatividade pode ser inspirada por coisas comuns do ambiente. Não
se trata da complexidade das fontes, mas da maneira de percebê-las. Para isso,
o autor propõe alguns exercícios simples necessários para inspirar a
criatividade, como sentar-se e acalmar-se, enquanto percebe os detalhes do
ambiente, com cada um dos sentidos.
Exemplos de Exercício para
Estimular a Criatividade
Respire fundo, concentre-se no
que vê, ouve, nas características táteis dos objetos. Respire fundo novamente e
dirija sua atenção para uma lembrança feliz e remota da infância: observe o que
foi observado na ocasião, ouça o que foi ouvido e sinta o que foi sentido.
Também é possível imaginar que
você é outra pessoa e abordar um problema da maneira como acredita que essa
pessoa procuraria resolvê-lo.
Criatividade
Verbal
Papaterra (2015) propões
atividades para estimular a expressão escrita, tais como:
A) Apresentar
vários substantivos e pedir que seja encontrado o maior número de verbos que
possam se relacionar com os mesmos.
B) Escrever
frases em que as palavras começam pela mesma letra.
C) Observar
uma lista de palavras e procurar seus sinônimos e antônimos.
D) Apresentar
uma lista de palavras e encontrar duas características positivas para cada uma
delas.
E) Responder
uma mesma frase de duas maneiras opostas.
F) Imaginar
situações-problema e oferecer soluções.
G) Interpretar
o sentido de frases figuradas ou provérbios, explicando-os literalmente.
H) Determinar
as possíveis causas para acontecimentos usuais, como o que teria feito um
cachorro latir.
Além disso, apresenta exercícios
com ênfase no próprio pensamento criativo, como responder o que é possível
fazer com uma panela, além de usá-la para cozinhar. Ou tentar responder
charadas, como:
a)
Quem é que quando trabalha todos riem?
b)
Qual a cidade brasileira onde não se falam
mentiras?
c)
Quem só trabalha quando é posto na rua?
d)
O que gasta sapato sem ter pés?
e)
Qual o doce que lembra a lista telefônica?
Conclusão
Toda inovação transforma, mas nem toda transformação inova, porque algumas mudanças irão adotar exatamente coisas que já provaram que não funcionam. Deixemos bem claro que uma
coisa é aplaudir a criatividade na teoria, outra é admiti-la na prática. Como
diz um dos autores pesquisados para esta postagem, açúcar atrai moscas. Na
prática, os burocratas, cumpridores de protocolos e incapazes de inovar, poderão
se mostrar muito insatisfeitos com aqueles que demonstrem capacidade de
inovação.
Respostas
das charadas
a) Palhaço
b) Franca
c) O
guarda de trânsito
d) O chão
e) Mil
Folhas
Consulta
DE
MASI, Domenico. Criatividade e grupos
criativos. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.
DILTS,
Robert; DELOZIER, Judith,; DILTS, Debora Bacon. PNL II, La Siguiente Generación.El Grano de Mostaza Ediciones: Espanha, 2016.
FELÍCIO,
Alexandre. Pessoas criativas são
mais felizes e ganham mais. Audiolivro,
2008.
LIMONGI,
Fernanda Papaterra. Manual
Papaterra de Habilidades de Compreensão e Expressão. Booktoy, 2015.