A
necessidade de adequar os conteúdos pedagógicos ao nível de desenvolvimento do
educando constitui-se em uma necessidade sem a qual não é possível ocorrer
desenvolvimento significativo. Nada está mais distante da função escolar do que
a oferta de um conteúdo igual para todos os alunos. Aqueles que não são
atendidos nesse sentido poderão desenvolver até mesmo aversão aos bancos
escolares, uma vez que o conteúdo proposto, distante das possibilidades existentes
em determinado momento, reforçarão o sentimento de incapacidade e não o de
competência do aluno. Qualquer educador experiente poderá confirmar que alguns
alunos parecem “travar” após um período de insistência na tentativa de aprender
um conteúdo demasiadamente complexo para o seu momento do desenvolvimento. E a
experiência clínica em Psicopedagogia comprova essa situação. Quantas vezes já
ouvimos de alunos nessas condições: “Sou burro”, “não aprendo”, “a minha cabeça
não guarda” e outras expressões que refletem o grau de desmotivação e o
sentimento de não conseguir avançar além do ponto ao qual chegaram.
Aprendizagem
significativa constitui um assunto tão relevante para o desenvolvimento
individual que vem sendo retomado por vários autores desde que foi
originalmente apresentado pelos pesquisadores Ausubel, Novak e Hanesian (1980,
p. 34) que afirmam sobre esse conceito:
A
essência do processo de aprendizagem significativa é que as ideias expressas
simbolicamente são relacionadas às informações previamente adquiridas pelo
aluno através de uma relação não arbitrária e substantiva (não literal). Uma
relação não arbitrária e substantiva significa que as ideias são relacionadas a
algum aspecto relevante existente na
estrutura cognitiva do aluno, como, por exemplo, uma imagem, um símbolo, um
conceito ou uma proposição. A aprendizagem significativa pressupõe que o aluno
manifeste uma disposição para a aprendizagem significativa – ou seja, uma
disposição para relacionar, de forma não arbitrária e substantiva, o novo
material a sua estrutura cognitiva – e que o material aprendido seja
potencialmente significativo - principalmente incorporável a sua estrutura de
conhecimento através de uma relação não arbitrária e não literal (...)
A respeito do mesmo conceito,
Budel & Meier (2012, p. 147), ao abordarem sobre os diversos tipos de
mediação, mencionam o conceito de “mediação do significado”, afirmando que:
um
conceito é significativo quando se interliga a outros já aprendidos pelo
sujeito” (Ausubel; Novak; Hanesian, 1980). Por exemplo, ao ouvirmos uma palavra
conhecida somos capazes de realizar várias lembranças, o que não ocorre quando
a palavra é desconhecida. ““Enriquecer” o
significado de um conceito é ampliar suas possibilidades de uso ou relacioná-lo
ao maior número possível de outros conceitos.
Antunes (2001) discorre
sobre o mesmo assunto, afirmando:
Assim,
um novo saber transmitido pelo professor somente ganha significação para o
aluno quando este pode associar esse novo saber aos saberes que já dispõe. Com
a aprendizagem significativa, a nova informação interage com a estrutura de conhecimento
específica, a qual Ausubel denomina “conceito subsunçor”, existente na estrutura
cognitiva de quem aprende.
Assim, a motivação, enquanto
fator intrínseco, surgirá quando o aluno for atendido em suas necessidades
específicas. Experimentar o sentimento de competência que decorre do encontro
do educando com uma atividade pedagógica planejada, poderá contribuir para resgatar
a sua autoconfiança enquanto aprendiz, tornando-o capaz de se sentir encorajado
diante das tarefas posteriores, com maior grau de complexidade, desde que essas
possam se relacionar com os conhecimentos já dominados até o momento. Pensar as
implicações que o conceito de “aprendizagem significativa” traz para a aula, em
especial em relação aos educandos com maiores necessidades de aprendizagem, constitui
uma necessidade crucial para o atendimento da demanda institucional relacionada
aos problemas de aprendizagem.
Bibliografia
ANTUNES,
Celso. Glossário de bolso
(a) para educadore (a) s. iEditora, 2001.
AUSUBEL, David P.; NOVAK, Joseph
D.; HANESIAN, Helen. Psicologia
Educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1980.
BUDEL,
Gislaine
Coimbra; MEIER, Marcos. Mediação da aprendizagem na educação
especial. Curitiba: Ibpex, 2012.