Apresentação da Queixa
G.
frequenta o 6° ano do ensino fundamental. Foi encaminhada para atendimento psicopedagógico,
com a queixa de dificuldade para concluir as atividades solicitadas pela
professora, as quais, por sua vez, estavam vinculadas às dificuldades relacionadas
ao processo de leitura e compreensão de textos. Na ocasião em que realizou o encaminhamento,
a educadora solicitou sugestões sobre como ajudar a educanda no processo de
ensino e aprendizagem.
Realização do Atendimento
Durante
o atendimento, foram desenvolvidas atividades lúdicas, pedagógicas e escuta de
questões relacionadas ao modo como a educanda compreendia o aprender e as dificuldades
que lhe eram atribuídas. Nos momentos lúdicos, a educanda demonstrou estar emocionalmente
tranquila, evidenciando que as dificuldades enfrentadas no momento se davam
exclusivamente no âmbito de situações de ensino e aprendizagem formal. Percebeu-se
que, com frequência, G. tenta evitar as situações em sala de aula por senti-las
como ameaçadoras, respondendo rapidamente e, na maioria das vezes, não
conseguindo alcançar os resultados pedagógicos propostos. Em relação aos
aspectos pedagógicos, durante a leitura solicitada, percebeu-se a ocorrência de
ritmo mais lento, sobretudo quando sob o efeito da ansiedade. Sobre isso, a
educanda justificou que ao experimentar esse sentimento, gagueja durante a
leitura. Percebeu-se ainda que, em decorrência de realizar a leitura lentamente,
a compreensão do texto fica comprometida ao final desse processo. Por outro
lado, foi observada boa resposta aos estímulos oferecidos e, em leitura
posterior, mais tranquila, realizou-a de modo mais fluente, possivelmente por
menor influência da ansiedade. Sua produção escrita revelou a existência de
necessidades ortográficas, bem como a importância da oferta de mediação para o
desenvolvimento das ideias do texto.
Devolutiva à Professora
Na
devolutiva apresentada à educadora que realizou o encaminhamento, foram
propostas algumas ações que poderiam contribuir para os progressos educacionais
de G.:
a) Mediar,
passo a passo, a realização das tarefas executadas pela educanda, transmitindo
confiança em sua capacidade de realizar o que foi solicitado, possibilitando
que administre quantidade de informação compatível com o sentimento de
competência desenvolvido até o momento;
b) Quando
possível, a professora poderá realizar uma leitura em conjunto, com toda a
sala, para favorecer a leitura individual posterior e possibilitar melhor
compreensão do texto;
c) Oferta
de mais tempo para concluir as atividades de leitura e escrita;
d) Reduzir
o número de questões assertivas, quando a situação exigir, observando os
aspectos qualitativos mais que quantitativos;
e) A
discussão do texto antes de solicitar que ela redija o seu;
f) Em
caso de textos que serão pedidos em provas, se possível, permitir que ela leve
para casa e treine antes de realizar a avaliação (ou oferecer mais de um texto,
escolhendo um deles na ocasião);
g) Ensinar
estratégias para que a produção textual seja realizada em etapas. Exemplo:
primeiro, construir o mapa mental. Em seguida, redigir. Depois ler para
corrigir a ortografia. Por fim, se necessário, transcrever a forma definitiva
para a entrega.
Considerações Finais
As
ações anteriores foram desenvolvidas dentro de uma abordagem destinada ao
atendimento das necessidades pedagógicas, de modo que entre a queixa recebida e
a devolutiva poderia ser considerado um transcurso de tempo breve. Além dos
apoios sugeridos, um período de tempo mais longo poderia auxiliar em relação à
possibilidade de aprofundar a compreensão das representações de G. quanto aos
aspectos temíveis relacionados à apropriação do saber. Não obstante, deve-se
levar em conta que uma abordagem breve trará contribuições ao trabalho
institucional. Nesse sentido, a presença do profissional de Psicopedagogia na
instituição escolar pode contribuir para a melhora nas condições de ensino e
aprendizagem que demandam olhar específico, como no caso anteriormente apresentado,
pela possibilidade de minimizar os efeitos trazidos pela ocorrência de um
estado confusional que poderia se instalar no âmbito pedagógico.